Quem diria que aquela pretensão egocêntrica e
megalomaníaca dos europeus de colonizar o mundo com a desculpa de levar adiante
o seu processo civilizatório, iria culminar na barbárie? Estamos assistindo
pelo internet, celular e televisão a propagação da barbárie. Qual é o valor da
vida humana? Essa é a grande questão a ser debatida. Questão essa que jamais
deveria ser o foco de debates, por que a vida não tem medidas. Mas, a realidade
está tão feia, que, já se cogita o fim da humanidade e o fim do planeta Terra.
Modernidade, o período das luzes, do progresso da emancipação humana, da
razão evoluída, isso na teoria dos europeus, por que no nosso pragmatismo
cotidiano, na prática a teoria é outra. Faz mais de quinhentos anos que a
humanidade prioriza o ‘’ter’’ em detrimento do ‘’ser’’, ou seja, as coisas, o
poder; valem mais do que as pessoas. A tônica da nossa sociabilidade é razão
calculista que faz do homem um ser opressor, controlador e faz do outro um
objeto manipulável_ um meio para se obter um fim. Esse é o grande problema da
nossa era, a modernidade; o homem não vê o outro como um fim em si mesmo e sim
como um meio para se obter um fim
É certo que o
processo civilizatório promovido pelos europeus trouxe certo progresso à
diversos povos do mundo, mas, também exterminou a singularidade de cada cultura.
A História que aprendemos na escola é eurocêntrica, isto é, dá destaque a visão
do colonizador, pois, sabemos muito do Nazismo, mas, estudamos pouco a história
do Brasil. Que moral que o europeus têm para falar de progresso e civilização
ao indígena? E o que Hitler e o povo alemão fizeram? Levaram embora o nosso
ouro, escravizaram a África e nivelaram as culturas à ética menor do mercado.
Quer algo mais nocivo a sociedade democrática do que o sistema capitalista que
exclui a maioria do povo e polariza os seus benefícios nas mãos de uma pequena
minoria?
Isso tudo é coisificação e tudo isso é fruto da relação sujeito-objeto, produto teórico do filósofo Descartes _ o pai da modernidade. Claro que , quando Descartes criou o Método Cartesiano e a Penso, logo existo, ele não pensava que as outras pessoas distorceriam a sua teoria. O filósofo só queria superar o pensamento teológico da Idade média, os mitos da antiguidade e dar liberdade para o pensamento humano, ou seja, inaugurar uma nova forma de pensar a vida social. Para isso combateu todos os dogmas, ilusões e ideologias a ponto de duvidar da própria existência. O seu pensamento tirou a autoridade de Deus e da Natureza e colocou a humanidade no centro do mundo. E os europeus, claro, gostaram da idéia e a proliferaram pelas escolas da Europa e mundo afora.
O problema é que eles se colocaram no centro do mundo. O que é a coisificação tem a ver com o método cartesiano? Simples, o pensamento cartesiano dá ao sujeito pensante a autoridade de fazer do mundo, o objeto do seu pensamento. Eu sou o sujeito, o senhor da razão e o mundo e as outras pessoas são objetos da minha racionalidade. Então, as relações humanas passaram a ser mediadas pela razão calculista onde tudo gira em torno do lucro e prazer carnal. O corpo, o tempo e a inteligência do outro podem ser minhas propriedades. Entende-se por “coisificação” um processo no qual cada um dos elementos da vida social perde seu valor essencial e passa a ser avaliada apenas como “coisa”, ou seja, quanto a sua utilidade, quanto a sua capacidade de satisfazer certos interesses.
A coisificação vai de encontro a cidadania e promove a não cidadania porque exclui a ética das relações humanas e coloca os interesses pessoais acima dos diretos humanos.
Exemplo de coisificação: Escravidão, trabalho forçado, exploração sexual, tráfico de pessoas.